Mais de 40 organizações assinam manifesto por Dom e Bruno

O indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados em 2022 no Vale do Javari, região de intensa pressão sobre territórios indígenas na Amazônia.

Nesta quinta-feira (05/06), mais de 40 organizações indígenas, entidades de imprensa e da sociedade civil e coletivos de jornalismo lançaram o manifesto “Três anos sem Bruno e Dom”, em memória do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, assassinados em 2022 no Vale do Javari, região de intensa pressão sobre territórios indígenas na Amazônia. As mortes ocorreram na mesma data do Dia Mundial do Meio Ambiente.

O texto foi organizado pela Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), com apoio da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e o Instituto Dom Phillips. “Bruno e Dom estão presentes em quem protege as florestas, no silêncio resistente de quem cuida da terra, no gesto de cada um que, mesmo diante do medo, escolhe a coragem”, diz o documento.

A publicação do manifesto ocorre próxima da realização da COP30, a conferência climática da ONU que será sediada pelo Brasil, em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro. O manifesto alerta que “o mundo nos olha” e exige mais do que promessas: pede ações concretas, urgentes e transformadoras para proteger os guardiões da floresta, em especial os povos indígenas, que enfrentam ameaças constantes.

Você pode conferir o documento completo por meio deste link.

Memória e resistência

Ao lembrar Bruno Pereira e Dom Phillips, o manifesto amplia a homenagem a outros nomes fundamentais na luta pela preservação da Amazônia e dos direitos humanos, como Chico Mendes, Dorothy Stang, Mãe Bernadete, Maxciel Pereira dos Santos e Emyra Wajãpi — todos mortos em contextos de conflito ambiental ou de defesa dos direitos indígenas.

“Hoje os recordamos com dor, mas também com orgulho. Porque o que eles fizeram não foi em vão”, afirma o documento.

Também assinam o documento parlamentares e defensores dos direitos humanos, como a deputada Célia Xakriabá, além de representantes de iniciativas ambientais como o Observatório do Clima, o Instituto Kanindé e a Rainforest Foundation Norway.

Familiares, ativistas e organizações cobram respostas do Estado e garantias de não repetição desse tipo de crime, além de justiça pelos assassinatos. Para os povos do Vale do Javari, o compromisso é claro: a floresta ficará de pé.

O manifesto termina reafirmando a permanência simbólica e política dos ambientalistas: “Bruno e Dom estão presentes em cada palavra livre, em cada reportagem corajosa, em cada ato de resistência, em cada defesa da democracia, dos direitos humanos e da liberdade de imprensa”.

s:

Instituto Dom Phillips (IDP)
Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI)
Nia Tero
Rainforest Foundation Norway (RFN)
Repórteres Sem Fronteiras – RSF
Justiça Global
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
ARTIGO 19 Brasil e América do Sul
Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ
FNDC – Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
Instituto Tornavoz
Washington Brazil Office
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – Abraji
Observatório do Clima
Instituto Raoni
Instituto Kabu
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)
Centro de Trabalho Indigenista (CTI)
Frente Ampla Democrática pelos Direitos Humanos (FADDH)
Deputada Federal Célia Xakriabá
Rubens Valente – Jornalista e Escritor
Vozes do Planeta/ Paulina Chamorro – Jornalista
Associação do Povo Indígena Zoró (Apiz)
Cooperativa de Produção do Povo Zoró (COOPERAPIZ)
Grupo Tortura Nunca Mais – SP
Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Mato Grosso | Eunice Dias
Fórum Grita Baixada
Urihi Associação Yanomami
Frente em Defesa da EBC e da Comunicação Pública
Rede de Estudantes Indígenas do Vale do Javari (REIVAJA)
Neidinha Suruí
Instituto Kanindé
Instituto Terra
Associação Wakoborũn
Movimento Munduruku Ipereğ Ayũ
Associação Pariri
Instituto de Pesquisa e Formação Indígena – Iepé
Rede de Cooperação Amazônica (RCA)
IEB – Instituto Internacional de Educação Brasil
Instituto Vladimir Herzog
Comitê para a Proteção de Jornalistas (J)
Instituto Socioambiental – ISA
Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor)
Instituto Sociedade População e Natureza
Comissão Pró Indígenas do Acre – I-Acre
Associação Floresta Protegida do povo Mebengôkre – Kayapó
eAmazonia Inovação para o Clima
Eco Universidade
Jess Tenório Artista Gráfica

 

Crédito da capa: Kenzo Tribouillard/AFP.

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